Mais do que as diferenças básicas que separam e diferenciam cada uma das nacionalidades que compõem a fronteira, algumas distinções sutis se observam nas pistas de dança de cada país.
Do lado brazuka, os gêneros mais em alta atualmente passam pelo Deep, House e Minimal. Já os paraguaios, demonstram também gostar do Minimal e House, mas se aproximam ainda do Techno. Na Argentina, o gosto da cidade vizinha acompanha o caso de amor nacional por House e Techno, com uma queda pelo Progressive house e algum flerte com algo minimalista.
Além das individualidades quanto às preferências musicais, há também diversidade no jeito de curtir de cada público. Em pistas majoritariamente lotadas de brasileiros, talvez a sociabilidade fale mais alto. O Brasil dança muito, presta atenção no som, sim, mas faz um social caloroso, como ninguém mais sabe fazer.
Os paraguaios, por sua vez, se entregam na pista como ninguém. Entram de cabeça, expressam todo sentimento proporcionado pela música deixando-se levar pelos corpos em movimentos não ensaiados, mas nem por isso menos bonitos de se ver. Interagem mais com o andamento musical do que entre si. Entoam em alto e bom tom a felicidade a cada virada de track e bailam como se ninguém estivesse olhando. Nas pistas argentinas, impera também um clima enérgico, com mentes abertas para a música e ares muito respeitosos.
Mas, no final das contas, independente da vertente que mais ecoa nos parlantes de cada lado da fronteira, ou das formas diferentes de aproveitar cada final de semana recheado de som alto e infinitas horas de baile, o que importa realmente é a união de nações através da música.
Fato é que Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazú ainda têm um longo caminho em frente para conquistar, aos poucos e cada vez mais, o que há de melhor na música eletrônica em grandes centros como São Paulo ou as capitais Assunção e Buenos Aires, por exemplo.
Mas a movimentação eletrônica por lá, constante, resistente e ambiciosa, é sinal provável de que a fronteira esteja no passo certo. A cena de música eletrônica na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina é prova de que a arte atravessa pontes e favorece para a integração positiva entre culturas distintas.