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RAVE RADIOATIVA EM CHERNOBYL

Em 26 de abril de 1986, mais precisamente a 1 e 23 da madrugada, o reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl, cidade da Ucrânia, explodiu e causou o maior desastre radioativo da história, disparando aproximadamente quatrocentas vezes mais material radioativo do que as bombas de Hiroshima e Nagasaki combinadas.

Semanas após o desastre, árvores próximas ao local ficaram vermelhas, murcharam e morreram por conta da radiação. No YouTube é possível encontrar diversos vídeos de animais mutantes – bagres com bigodes gigantes, barbatanas parecendo flores e longas caudas, parecidas com as das serpentes.

A região, que já foi casa de mais de 50 mil pessoas, há mais de 30 anos encontra-se deserta por conta deste acidente. Esta radiação, que atingiu não somente a Ucrânia mas até seus países vizinhos, é extremamente nociva a saúde, tendo chances reais de causar doenças como câncer de tireóide, leucemia, envelhecimento precoce e diversos tipos de má formações e defeitos congênitos. Para se ter uma ideia, no ano 2000 o número de ucranianos que recebiam benefícios estatais por terem sido afetados por esta radiação girava em torno de 3,5 milhões (5% da população local).

Cientes disto, trinta e dois anos depois um grupo de artistas ucranianos decidiram reivindicar a zona de exclusão de Chernobyl para sediar uma evento festivo. Sim, é sério.

Nomeada de Artefact, a instalação artística do artista ucraniano Valery Korshunov é o primeiro evento cultural realizado na zona de exclusão desde o desastre com os reatores nucleares. Embora os cientistas tenham dito que a zona não seria habitável por mais de 24 mil anos, em maio de 2018 a operação de limpeza no reator foi considerada completa e a Fundação Cultural Ucraniana, um braço do governo do país, decidiu que a zona agora deveria ser aberta para o turismo. Os sinais de radiação, antes temidos, agora eram usados como produto de marketing para gerar dinheiro.

 

“Algumas pessoas não querem que nada passe em Chernobyl”, diz o artista Valery Korshunov. “Eles veem este lugar como triste e trágico demais para qualquer tipo de evento. Já outros querem mudar a zona de exclusão, para preenchê-la com novos significados ”.

Antes de entrar no evento era preciso que os convidados colocassem uma máscara e uma roupa especial – segundo os organizadores, apenas uma segurança adicional. Dentro dele, era possível ver uma roda gigante, um cinema secreto (que apresentava um filme de zumbis), telas de LED com animações digitais e claro, uma festa de música eletrônica.

Na pista de dança, a luz do stage se refletia nos prédios abandonados onde, segundo relatos, ainda era possível ver roupas, talheres e objetos pessoais daqueles que um dia foram forçados a abandonar o próprio lar.

Referências: VICE / The Guardian

Fotos: Gleb Garanich/Reuters – Sveta Korshunov/Artefact